sábado, 23 de fevereiro de 2019

"INCRA ROMPE COM MST E ENCERRA DIÁLOGO COM LÍDERES SEM-TERRA”

A ordem: "não recebam mais entidades ou representantes “que não possuam personalidade jurídica".


Memorando do ouvidor agrário nacional orienta superintendências do órgão a não negociar com entidades ou representantes que não tenham “personalidade jurídica”

O novo ouvidor agrário nacional do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o coronel do Exército João Miguel Souza Aguiar Maia de Sousa, enviou memorando-circular nesta quinta-feira (21) a todas as superintendências do órgão com a orientação de que seus chefes subordinados não recebam mais entidades ou representantes “que não possuam personalidade jurídica”, caso do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
               
No mesmo memorando, o ouvidor afirmou que “não deverão ser atendidos invasores de terras (estes devem ser notificados conforme a lei)”. Na prática, a circular, chamada de “recomendação”, representa o rompimento de diálogo do Incra com o MST. O coronel pede que a orientação seja repassada pelos superintendentes a todos os chefes de divisão e executores das unidades do órgão no país.

Egresso da área da inteligência militar, o coronel foi escolhido para o cargo pelo novo presidente do INCRA, o general da reserva João Carlos de Jesus Corrêa. No memorando, o coronel diz que a medida é tomada “em consonância com as diretrizes emanadas pela presidência do Incra”. A reportagem indagou ao presidente do Incra e sua assessoria se ele tinha conhecimento ou apoiava a orientação do ouvidor, mas não houve resposta até o fechamento deste texto.

A assessoria do INCRA encaminhou uma resposta do próprio ouvidor agrário. Segundo o coronel, “o interessado” que procura as unidades do Incra “só representa a si mesmo, desde que devidamente identificado, na defesa de seus interesses, a não ser que possua procuração para fazê-lo em nome de outrem”. Esses interessados, segundo o ouvidor, “poderão ser recebidos e ouvidos, conforme previsão contida na legislação específica”.

O ouvidor disse ainda, pela assessoria do Incra, que “pretende regulamentar, no mais curto prazo, os procedimentos de audiência concedidas a particulares por agentes públicos em exercício na autarquia”. Por fim, o ouvidor afirmou que “a manifestação do interesse do cidadão é livre e deve ser feita pelos canais que os órgãos públicos mantêm para a comunicação direta e a manutenção do diálogo com a população”.


Graduado na AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras) em 1986, o coronel Sousa foi analista de inteligência do CIE (Centro de Inteligência do Exército) e chefe da Divisão de Suporte à Inteligência do centro de 2015 a 2016. De 2008 a 2010, foi comandante da EsImex (Escola de Inteligência Militar do Exército), na qual também havia sido instrutor de inteligência de 2005 a 2007.

Procurada, a direção nacional do MST preferiu não se manifestar. Apesar do rompimento de relações do Incra, o MST e membros do governo Jair Bolsonaro têm procurado manter canais de diálogo. Depois que o General Santos Cruz, Ministro da Secretaria de Governo no Palácio do Planalto, disse em entrevistas, em janeiro, que poderia receber em seu gabinete membros do MST, contatos foram mantidos com o órgão, que prepara uma reunião para breve. Fonte: Gazeta do Povo / Isaac RC

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